Apostas quebrando a banca: O impacto do jogo na sociedade portuguesa

Desde o início do século XXI, Portugal tem sido um país que passou por diversas mudanças significativas em relação às dimensões sociais, culturais e econômicas. Entre esses aspectos, o mundo dos jogos de azar e apostas tem sido um dos mais impactantes e controversos. Os cassinos passaram a fazer parte do cenário econômico e a sociedade portuguesa tornou-se mais viciada em jogos de cassinos, loterias e cada vez mais opções para apostas online. Essas mudanças têm levantado debates acalorados sobre seus impactos na sociedade como um todo.

As apostas podem trazer muitas consequências negativas para os jogadores, como aumento da inadimplência, endividamento, ansiedade ou mesmo doenças mentais graves, além de afetar o dia a dia da vida familiar. Apesar de poderem ser viciantes e muito prejudiciais para as pessoas, essas atividades continuam sendo legalizadas e regulamentadas pelo governo de Portugal.

Segundo o relatório apresentado pela Associação Portuguesa de Casinos no ano de 2018, houve uma arrecadação total de 318 milhões de euros, provenientes principalmente dos jogos e loterias. Esse valor parece bem grande, mas em comparação com os valores arrecadados pela indústria dos jogos em outros países, é um número ainda baixo. Estados Unidos, China, Austrália e outros países relatam dezenas de bilhões de dólares arrecadados por ano com as loterias e cassinos.

O impacto econômico dessas atividades é relevante, principalmente quando se considera que o setor de jogos e apostas gera renda e emprego, além de movimentar outras empresas. Com a economia mundial em crise, a arrecadação de impostos torna-se fundamental para o equilíbrio das contas públicas. Entretanto, no caso das apostas, sua legalização deve ser cuidada, e as empresas responsáveis devem cumprir as normas e regulamentos com a máxima resposabilidade social.

Os jogos de azar também afetam pessoas de diferentes idades e classes sociais. Uma pesquisa da Delegação Norte do Instituto da Droga e da Toxicodependência, em parceria com a Associação Portuguesa Primavera, em 2018, indicou que 3,2% dos jogadores são identificados como adictos. Ainda assim, o jogo compulsivo é um problema que afeta em maior número homens adultos, com mais de 34 anos, casados ou divorciados, moradores de áreas rurais. As causas dessa adicção são diversas, e do ponto de vista psicológico, as pessoas podem se sentir atraídas pelos jogos por diferentes razões, entre elas, a busca por entretenimento, a possibilidade de ganhar muito dinheiro rapidamente ou mesmo para tentar fugir de outros problemas pessoais.

Nesse contexto, a responsabilidade social das empresas do setor de jogos é fundamental, já que a oferta de opções de jogos elegíveis e responsáveis pode oferecer mais segurança para os jogadores. É preciso equilibrar os benefícios econômicos com a promoção da saúde psíquica dos jogadores, desde a elaboração de políticas públicas robustas, à implementação de ações de prevenção e conscientização. As empresas, em particular, precisam cooperar e se comprometer a educar seus consumidores em relação aos riscos associados ao jogo como atividade, adotando políticas de negócio éticas e transparentes para identificar e coordenar atores relevantes.

Portanto, o debate sobre os jogos de azar e apostas deve ser constantemente alimentado, buscando-se sempre soluções inovadoras e eficazes para lidar com todas as suas consequências negativas na sociedade. Devemos estar cientes dos impactos econômicos, culturais e mentais das atividades de jogos, mas apoiando sempre a resposabilidade social e o comprometimento das empresas nesse setor. É necessário que as leis e regulamentações do país se adaptem aos valores e à heterogeneidade das pessoas, criando assim um ambiente mais inclusivo e responsável.